ECONOMIA| 29.09.2025
A lacuna de gênero em economia e aposentadoria custa à economia espanhola 28,5 bilhões e meio milhão de empregos por ano
- A segunda edição do relatório “Custo de oportunidade da desigualdade de gênero em aposentadoria e economia previdenciária”, da Associação ClosinGap, liderado pela MAPFRE, coloca em 1,8% do PIB o custo de oportunidade das desigualdades entre homens e mulheres na aposentadoria.
- O relatório menciona que as mulheres recebem 500 euros a menos de aposentadoria por mês e que dependem mais das pensões por morte. Além disso, há uma menor capacidade de economia previdenciária e patrimonial.
- O estudo alerta que a lacuna de gênero nas aposentadorias não apenas limita a autonomia das mulheres idosas, como também freia o crescimento financeiro e a coesão social.
A segunda edição do relatório “Custo de oportunidade da lacuna de gênero em aposentadoria e economia previdenciária”, da Associação ClosinGap, liderada pela MAPFRE, revela que a desigualdade na aposentadoria e na economia entre mulheres e homens não apenas limita a autonomia financeira das mulheres mais velhas, mas também representa um freio para o crescimento financeiro e ara o emprego na Espanha.
O estudo conclui que a lacuna de gênero nas aposentadorias e rendas privadas durante a aposentadoria gera um impacto econômico de 28,5 bilhões de euros, valor que equivale a 1,8% do PIB nacional. Esse déficit na atividade econômica se traduz na não criação de cerca de 500 mil postos de trabalho e em uma redução de receitas públicas de cerca de 4,9 bilhões de euros anuais relacionados ao IRPF e IVA.
Desde a publicação do relatório anterior em 2019, o sistema previdenciário tem sido alvo de várias reformas, com o objetivo de reforçar sua sustentabilidade. Entre elas está a promoção dos planos de aposentadoria de emprego e o fomento da aposentadoria ativa e postergada. No entanto, o relatório alerta que este último incentivo teve um efeito desigual: em 2024, 10,5% dos homens optaram por adiar a sua aposentadoria em comparação com apenas 7,8% das mulheres. Isso reflete as maiores dificuldades enfrentadas por elas para alcançar os anos de contribuição exigidos ou para estender sua vida profissional, devido à assunção de cuidados não remunerados.
Conforme apontado por Borja Suárez, Secretário de Estado de Previdência Social e Pensões, “a lacuna de gênero é o principal problema do sistema de Previdência Social e Pensões na perspectiva da ação protetora. Configura-se imprescindível agir na origem da discriminação estrutural das mulheres: o mercado de trabalho”.
Antonio Huertas, presidente da MAPFRE, por sua vez, instou a “um chamado à ação da sociedade espanhola para acelerar o fechamento dessa lacuna. Em apenas algumas décadas, a coorte da população dominante será a população sênior, aposentada ou não, mas que está destinada a se tornar o claro motor do crescimento e desenvolvimento. Precisamos que tenham suficiência financeira para poder liderar o impulso da atividade econômica e continuar acrescentando valor. E apenas com a aposentadoria isso não será alcançado, são necessárias a poupança e as rendas complementares geradas ao longo de toda a vida profissional”.
Desigualdade persistente nas aposentadorias
Os números evidenciam as desigualdades persistentes no acesso e na quantia dos benefícios. Em 2024, as mulheres receberam uma pensão contributiva média de 1.100 euros mensais, em comparação com 1.600 euros dos homens, representando uma diferença de 510 euros mensais, equivalente a uma lacuna relativa de 31,9%. Além disso, apenas 57% das mulheres aposentadas recebem aposentadoria em comparação com 82% dos homens. Paralelamente, três em cada dez mulheres idosas dependem de uma pensão por morte, modalidade praticamente residual no caso dos homens.
A menor participação feminina no mercado de trabalho, que se traduz em carreiras contributivas mais curtas e em uma lacuna salarial em torno de 20%, explica boa parte desta desigualdade. Além disso, há uma menor capacidade de economia previdenciária e patrimonial. O relatório, que pela primeira vez incorpora microdados fiscais individuais, mostra que em 2022 as mulheres com mais de 67 anos acumulavam em média 6.700 € a menos em patrimônio líquido do que os homens. Essa diferença, embora tenha diminuído em relação a 2016, graças a uma menor lacuna em ativos imobiliários, contrasta com o que aconteceu nos planos de aposentadoria privada, onde a desigualdade entre homens e mulheres cresceu 1.000 € por pessoa em apenas seis anos.
Marieta Jiménez, presidente da ClosinGap, destacou em sua participação que”busca-se garantir que as jovens que hoje iniciam suas carreiras cheguem à aposentadoria sem renúncias forçadas. Que a chamada “silver age” seja realmente uma idade de ouro. Temos diante de nós um enorme desafio, mas também uma oportunidade histórica: demonstrar que cada ano ganho pode ser também um ano mais justo, mais próspero e mais humano. Esse é o país que nossas mães merecem, nossas filhas e, especialmente, nós mesmos como sociedade”.

Da esquerda para a direita, Marieta Jiménez, Presidente da ClosinGap, Borja Suárez, Secretário de Estado da Segurança Social e Pensões, e Antonio Huertas, Presidente da MAPFRE
Mais longevidade, menos recursos para a dependência
As disparidades também se estendem ao campo da dependência. As mulheres vivem mais anos do que os homens, 85,8 contra 80,3, mas o fazem em piores condições de saúde e com menos recursos financeiros para lidar com os custos dos cuidados. A partir dos 80 anos, o custo da dependência multiplica por 1,8 a aposentadoria média feminina, uma carga insustentável para muitas mulheres que, mesmo com o seu patrimônio, carecem dos ativos líquidos suficientes para cobri-la.
Uma questão de justiça… e de eficiência financeira
O relatório é contundente: a lacuna de gênero na aposentadoria não é apenas uma questão de justiça social, mas também de eficiência financeira. Reduzi-la representaria mais consumo, mais emprego, mais arrecadação e uma sociedade mais coesa.
Cinco linhas de ação, tanto da perspectiva pública quanto privada
O estudo também propõe um conjunto de medidas que combinam ação pública e privada: fortalecer o sistema público de aposentadoria com uma abordagem de gênero; impulsionar a igualdade no mercado de trabalho; fomentar a poupança previdenciária feminina; melhorar o atendimento à dependência; e avaliar o impacto das reformas a partir de uma perspectiva de gênero.
Do painel de debate, que contou com a participação de Ricardo Gonzalez García, diretor de Análise, Estudos Setoriais e Regulamentação da MAPFRE; Juan Fernández Palacios, diretor do Centro de Pesquisa Ageingnomics da Fundación MAPFRE e Fátima Báñez, presidente da Fundación CEOE, surgiu uma conclusão principal: “embora o relatório reflita uma melhoria em relação à análise apresentada em 2019, a evolução ainda é lenta. Para avançar no fechamento da lacuna de gênero nas aposentadorias e na poupança previdenciária, é essencial definir políticas públicas, apelar à responsabilidade privada e empresarial e manter o compromisso intergeracional e de gênero”.
Você pode acessar o relatório completo neste link.
Sobre a ClosinGap
A ClosinGap é uma Associação sem fins lucrativos que busca impulsionar o crescimento econômico a partir da igualdade de gênero.
É composta por 14 grandes empresas (Merck, MAPFRE, Repsol, BMW Group, Mahou San Miguel, PwC, CaixaBank, Grupo Social ONCE, KREAB, Fundación CEOE, Telefónica, Redeia, Herbert Smith Freehills Spain e Enagás) unidas com o objetivo de acelerar a transformação em favor da igualdade de oportunidades entre mulheres e homens, e cumprir com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável a partir de três eixos estratégicos:
- Impulsionar o conhecimento e o debate sobre a equidade a partir de uma perspectiva financeira.
- Ser fonte de inovação sobre iniciativas ligadas à economia e à mulher.
- Atuar como motor de transformação social e econômica por meio de iniciativas que ajudem a fechar essas lacunas.
Sobre a MAPFRE
A MAPFRE é uma seguradora global. É a maior seguradora espanhola no mundo, o grupo segurador líder na América Latina e se encontra na sexta posição entre as maiores da Europa no segmento Não Vida por volume de prêmios. A MAPFRE conta com 30.000 funcionários e, em 2024, suas receitas superaram 2,9%, até 33.177 milhões de euros, e seu lucro líquido alcançou 902 milhões de euros (+30,3%).
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